BALANÇO SEMANAL – 04 a 08/06/2012
— Governo sinaliza definição sobre estrados de madeira e pretende aplicar os recursos para estocagem o mais rapidamente possível; Um programa de Opções não está descartado.
Nesta semana mais curta devido ao feriado prolongado de Corpus Christi, em conjunto com o presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, nos reunimos com os Secretários Executivo e de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Carlos Vaz e Gerardo Fontelles, respectivamente, e com o diretor do Departamento do Café (Dcaf), Edilson Alcântara.
ESTRADOS DE MADEIRA – O encontro foi de grande valia, uma vez que os representantes do Governo afirmaram que foi enviado um voto ao Conselho Monetário Nacional (CMN) retirando a obrigatoriedade dos estrados de madeira em armazéns com piso asfáltico ou de concreto impermeabilizado para o armazenamento do café. O CMN se reunirá extraordinariamente nesta primeira quinzena de junho.
RECURSOS PARA ESTOCAGEM – Apesar deste empecilho e da não apreciação de voto nesse sentido na reunião passada do CMN, Fontelles e Vaz anotaram que isso não vem sendo um fator impeditivo para o início da liberação dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), haja vista que os contratos já foram enviados aos agentes financeiros. O Governo aguarda, agora, o retorno dos bancos para a definição do cronograma e a imediata liberação da verba, prevista também para a primeira quinzena deste mês.
NOVA REFERÊNCIA – Um ponto muito importante que acordamos com o Governo ao longo da reunião foi a definição de um novo piso de referência para as operações de estocagem. Atualmente, o valor para essas operações corresponde a 80% dos preços praticados no mercado.
PROCAP AGRO – Os secretários do Mapa também informaram que vem realizando um trabalho junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a liberação de recursos do Programa de Capitalização das Cooperativas Agropecuárias (PROCAP-AGRO), com taxa igual à praticada na Política Agrícola, atualmente em 6,5%, com a finalidade de serem aplicados na estocagem.
LIBERAÇÃO DE RECURSOS E OPÇÕES – Os senhores José Carlos Vaz e Gerardo Fontelles indicaram, ainda, que, na próxima segunda-feira, dia 11 de junho, se reunirão com a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) para dar agilidade na aplicação dos recursos do Funcafé, em especial no que se refere à linha de estocagem. Os secretários sinalizaram que, se necessário, o Governo Federal aceita negociar um programa de Opções para o café, desde que o cenário do mercado aponte para isso.
CÓDIGO FLORESTAL E TRABALHO ESCRAVO – Ainda nesta semana, durante reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o colegiado soube da composição da Comissão Mista que analisa a MP (571/12) de alterações no novo Código Florestal. Por aclamação, o deputado Bohn Gass (PT-RS) foi eleito presidente, o senador Jorge Viana (PT-AC) vice-presidente, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) relator e o deputado Edinho Araújo relator-adjunto. A CPI do Trabalho Escravo foi abordada, com todos demonstrando o interesse em buscar o melhor caminho para que a agropecuária brasileira se mantenha sustentável sem detrimento aos trabalhadores ou aos produtores rurais.
ANÁLISE DE MERCADO – Os fundamentos do mercado cafeeiro, conforme anunciamos em vários boletins anteriores, seguem positivos, com o equilíbrio entre oferta e demanda mundiais muito apertado e os estoques em um de seus menores níveis históricos. Mas por que os preços do café tem apresentado recuos constantes nas principais bolsas da commodity?
Essa não chega a ser a pergunta de um milhão de dólares, mas certamente vem martelando em muitas cabeças de produtores brasileiros. Como estamos citando semanalmente, o mercado de softs commodities é extremamente volátil e vinculado aos fatores da macroeconomia mundial. Segundo traders, “o colapso no mercado de futuros do arábica na semana está em grande parte ligado às quedas das commodities, causadas pela crise da dívida da zona do euro e por torrefadores da UE preocupados com o poder do consumidor de gastar em vários países dessa região".
Além disso, há a influência natural desse período do ano, marcado pelo começo da colheita no Brasil, o principal produtor do mundo, e uma continuada valorização do dólar em relação às demais moedas, incluindo o real. Como fator novo observado no mercado, nota-se que os torrefadores de café da Europa adiaram grandes compras de grãos brasileiros, com esperanças de que a crescente colheita gere uma maior queda nos preços.
Amigos produtores, seria muito imprudente de nossa parte recomendarmos um caminho para percorrerem nesse cenário de turbulência econômica. O que podemos indicar a vocês é que aproveitem os momentos positivos que o mercado apresentar, de maneira que negociem seus cafés a preços remuneradores, evitando a comercialização abaixo dos custos de produção.
Estamos trabalhando junto ao Governo para que os recursos do Funcafé e da exigibilidade bancária, voltados às linhas que propiciem um melhor ordenamento da safra 2012, sejam aplicados pelos agentes financeiros o mais rapidamente possível, ponto que certamente aliviará um pouco dessa pressão e permitirá que possamos tirar o máximo proveito possível desse mercado volátil.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC