BALANÇO SEMANAL – 28/05 A 1º/06/2012

— Orçamento 2012, Código Florestal e planejamento estratégico estiveram em pauta; No mercado, crise na Zona do Euro e valorização do dólar pressionaram commodities.

ENCONTRO NA COOPARAISO – Nesta semana, participamos do encontro de lideranças do setor produtor na sede da Cooperativa Regional de Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (COOPARAISO). No evento, nós, lideranças da produção, defendemos a necessidade do Governo liberar de imediato os recursos das linhas de financiamento do Funcafé e da exigibilidade bancária que possibilitam um melhor ordenamento das vendas da safra 2012. O diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Edilson Alcântara, reiterou o compromisso governamental de liberar o mais breve possível essa ve rba, pontuando que isso deverá ocorrer neste começo de junho.

CÓDIGO FLORESTAL – Após a apresentação dos vetos e da posterior publicação da Medida Provisória pela Presidente Dilma Rousseff ao novo Código Florestal aprovado na Câmara dos Deputados, estamos mantendo contato com nossos associados e parceiros para buscar um melhor caminho para a continuação de uma agropecuária – em especial a cafeicultura – sustentável no Brasil, de forma que seja preservado o meio ambiente, coisa que nossos produtores bem sabem fazer e o fazem. O que chamou a atenção nesse contexto foi a possibilidade assinalada pela Presidente de que áreas de preservação perma nente (APPs), em propriedades com até quatro módulos fiscais, podem ser recuperadas com o cultivo de café, dendê ou plantas exóticas.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – Ainda nesta semana, em conjunto com a Comissão Nacional do Café da CNA, representada por seu presidente Breno Mesquita, concluímos uma proposta de planejamento estratégico para a cafeicultura brasileira, a qual foi enviada a nossos associados para que analisem e deem seus pareceres sobre a matéria na próxima reunião ordinária do Conselho Nacional do Café, a ser realizada no dia 20 de junho, em Três Pontas (MG).

Esse material reflete uma oportunidade ímpar que o Governo nos concedeu para participarmos de um programa que visa cada vez mais às sustentabilidades econômica, social e ambiental da cafeicultura no Brasil. Por esta razão, se faz muito importante e estamos ouvindo todas as lideranças no sentido de estruturar um plano que contemple toda a classe.

ANÁLISE DE MERCADO – Os preços da maior parte das commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior acusaram os reflexos da crise na Zona do Euro e da valorização do dólar, ou seja, recuaram em maio. No mercado do café, entre a máxima verificada na última terça feira, de US$ 1,6945, e a mínima de US$ 1,5650 por libra peso (hoje) na Bolsa de Nova York, houve variação de quase 1.300 pontos, equivalente a uma baixa de 8,2%.

Segundo levantamento do Valor Data, com base nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega dos produtos referenciados nas bolsas de Chicago (soja, milho e trigo) e Nova York (açúcar, algodão, cacau, café e suco de laranja), apenas cacau e trigo escaparam da tendência no mês passado. O café recuou 3% ante a média de abril e 22,5% ante dezembro.

Um relatório do banco alemão Commerzbank no fim do mês informou que, embora seja esperada uma produção maior no Brasil, um improvável aumento da produção da Colômbia e os estoques baixos no mundo devem dar suporte às cotações e “estancar a hemorragia”.

Os estoques vem refletindo os efeitos das quedas nas exportações mundiais de café. De acordo com a OIC, os volumes exportados recuaram 11,67% em abril passado na comparação com o mesmo mês de 2011. Foram embarcados 8,77 milhões de sacas de 60 kg ante 9,93 milhões em abril do ano passado. A exportação mundial nos sete primeiros meses do ano cafeeiro 2011/12 (outubro 2011 a abril de 2012) apresentou redução de quase 4%, para 60,3 milhões de sacas, em relação às quase 62,8 milhões de sacas no período anterior. Nos últimos 12 meses encerrados em abril passado, a exportação de café arábica atingiu 64,03 milhões de sacas, contra as 67,83 milhões de sacas no interv alo antecedente. Já o embarque de robusta nesse período foi de 37,96 milhões de sacas, acima das 35,52 milhões de sacas de maio de 2010 a abril de 2011.

Mais uma instituição a divulgar análise de preços do café na semana foi o Rabobank, para quem a atual divergência de preços entre os mercados de café arábica e robusta deve ser revertida e não se sustentará na próxima temporada, conforme relatório publicado na quinta-feira, citando a grande quantidade de posições especulativas transitórias em ambos mercados e mudanças no lado da oferta.

Segundo o Rabobank, o mercado de café arábica despencou 27% desde o início de 2012, enquanto o mercado de robusta ganhou 25%, pois a demanda pelo conilon, que é mais barato, aumentou durante a desaceleração econômica. "A demanda pelo grão robusta tem tido suporte de torrefadoras que promovem blends mais baratos e a situação macroeconômica está estimulando a economia por parte do consumidor", afirmou o banco.

Além disso, a demanda maior pelo café robusta ocorreu num momento de aumento da produção de café arábica nas últimas duas safras por causa dos níveis de preço atraentes. Mas, para 2013/14, o banco espera que a tendência de preços entre os dois tipos de café se reverta, pois o Brasil entrará em um ano de ciclo baixo dentro da característica bienal de sua produção, reduzindo a oferta mundial do grão arábica.

No entanto, o início da colheita do maior produtor de robusta, o Vietnã, deve pressionar os preços na origem apesar dos produtores estarem atrasando as vendas para assegurar preços maiores, disse o Rabobank.

Atenciosamente,

Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC