segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

SAFRA 2012 DE CAFÉ NO BRASIL

BALANÇO SEMANAL — 17 a 21/12/2012
 
- Semana foi marcada pela consolidação da produção recorde do Brasil em 2012 e por posicionamento do governo contrário às especulações relativas aos tamanhos da colheita no País. No mercado, os preços tiveram oscilação mais discreta, com menor volume de negócios já demonstrando o ritmo de final de ano.
 
SAFRA 2012 DE CAFÉ NO BRASIL — Na quinta-feira, 20 de dezembro, o governo, por intermédio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), anunciou ou números finais para a safra 2012 de café no Brasil. Com o volume de 50,826 milhões de sacas – 38,344 mi/scs de arábica e 12,482 mi/scs de conilon – apresentado, foi confirmada a safra recorde, acima da 2002/2003, quando aproximadamente 48,5 milhões de sacas foram colhidas.
 
Demonstrando o trabalho em sinergia que temos realizado com o governo federal, via Ministério da Fazenda e, pontualmente sobre a safra, Mapa e Conab, o diretor de Política Agrícola e Informação da estatal, Silvio Porto, durante o anúncio dos dados, recordou que, mesmo esta sendo a maior safra de café produzida no Brasil, é suficiente apenas para honrar os compromissos com o consumo interno e com as exportações, não gerando excedentes, colocações que o CNC vem tornando públicas em seus boletins semanais.
 
SAFRA 2013 — Frente às absurdas especulações emergidas no que se refere à colheita de café na temporada 2013, Silvio Porto foi categórico ao alertar que será impossível o Brasil produzir um volume superior ao registrado na safra 2012 devido aos fatores fenológicos das lavouras, haja vista que o próximo ano será o de baixa no ciclo bienal da cafeicultura brasileira. A primeira estimativa oficial será apresentada em janeiro.
 
O Conselho Nacional do Café, na condição de representante das cooperativas produtoras no Brasil, confia total apoio aos levantamentos oficiais realizados pela Conab e repudia toda e qualquer “ventilação” sobre nossas safras cafeeiras, como as absurdas e abusivas que se tornaram públicas na semana anterior.
 
A estatal possui a melhor metodologia e o maior número de profissionais capacitados, os quais vão a campo para apurar os números da colheita, além de contar com o georreferenciamento de parte de nosso parque cafeeiro. Portanto, indubitavelmente, é quem melhor tem condições para avaliar o tamanho de nossas safras. Assim, os sensatos devem trabalhar com os números oficiais, haja vista que a especulação pode ter um efeito de curto prazo sobre os preços, mas o mercado se encarrega de gerar essa devolução, esse troco, quando notar que não há excesso de oferta.
 
O secretário de Produção e Agroenergia do Mapa, Gerardo Fontelles, também durante o anúncio do dia 20, recordou que as decisões políticas adotadas pelo governo são embasadas nos levantamentos feitos pela Conab e que os dados “independentes”, de quaisquer empresas, não são levados em consideração. De acordo com ele, é preciso acabar com a confusão de números existentes no café, de forma que se de as devidas credibilidade e fidedignidade ao trabalho realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento.
 
REMANEJAMENTO DE RECURSOS DO FUNCAFÉ — Após uma série de reuniões realizadas entre Conselho Nacional do Café e Comissão Nacional do Café da CNA com os secretários e diretores dos Ministérios da Fazenda e da Agricultura, o governo federal anunciou, ontem (20/12), que o montante de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) disponibilizado para a contratação de operações de custeio foi ampliado de R$ 550 milhões para R$ 730 milhões. A informação foi dada pelo secretário Gerardo Fontelles durante a apresentação dos números do quarto levantamento da safra 2012 de café.
 
A medida será viabilizada após o CNC e a Comissão de Café da CNA terem solicitado o remanejamento de R$ 40 milhões previstos para financiamento de contratos de opções e de operações em mercados futuros, de outros R$ 40 milhões voltados à recuperação de cafezais danificados e de R$ 100 milhões da linha extraordinária de crédito destinada à composição de dívidas, haja vista que o prazo para a contratação destas terminou em 31 de outubro e os recursos não foram utilizados. Outra ação para apoiar os cafeicultores, que será anunciada nos próximos dias pelo governo, refere-se à prorrogação dos financiamentos de estocagem.
 
FERRAMENTAS DE MERCADO — Ainda nesta semana, o presidente executivo do Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, após audiências com o secretário de Produção e Agroenergia do Mapa, Gerardo Fontelles, o diretor do Departamento do Café, Edilson Alcântara, e o secretário adjunto de Política Agrícola do Ministério da Fazenda, João Pinto Rabelo, mencionou que o governo deixou em aberto a possibilidade de implantar instrumentos de mercado para auxiliar os produtores a obter renda na comercialização do produto.
 
Com essa abertura, apresentamos algumas propostas, elaboradas em conjunto com nossos parceiros da CNA e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), as quais visam à implementação de um programa de Opções Públicas e, ainda, do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), instrumentos que possibilitam um melhor ordenamento das vendas do café da safra 2012 e, principalmente, geram preços remunerativos aos produtores.
 
MERCADO — A leitura que fazemos do reflexo no mercado dos números finais à safra 2012 apresentados pela Conab é de que não haverá escassez de café nos próximos anos, salvo ocorra algum incidente climático grave, possibilidade que sempre deve ser considerada em um ambiente mundial de fortes alterações no clima. Por outro lado, os números também não sugerem que seja possível a formação de excedentes de oferta que justifiquem o comportamento de preços verificado nos últimos meses, com quedas tão expressivas. Em janeiro, a estatal divulgará a primeira estimativa para a safra 2013 e, pelo o que temos observado, o número será, certamente, inferior ao colhido neste ano que se encerra.< /span>
 
Analisar o comportamento do mercado sempre é difícil, pois é um ente abstrato, formado por diversos agentes movidos por ações e reações embasadas em fatores técnicos fundamentais, mas também por ingredientes especulativos como, por exemplo, “previsões” de safra sem nenhum critério como as que vimos nas últimas semanas. No longo prazo, os fundamentos prevalecem. Desta forma, com o cenário fundamental que vemos – a partir dos volumes de produção X consumo X exportação –, acreditamos que teremos, em 2013 e 2014, os embarques de café próximos aos níveis de 2012, por volta de 29 milhões de sacas, os quais, somados ao consumo que projetamos, devem levar a um quadro de estoques de passagem novamente apertados, como nos últimos anos.
 
Neste contexto, uma das políticas possíveis que acreditamos que deve ser implementada é o financiamento, com recursos do Funcafé, para aquisição, no mercado, das Opções de Venda, tornando os preços e o acesso a estes instrumentos mais abertos aos produtores. De posse de seguro de preços, além da tranquilidade e a capacidade de planejamento que o cafeicultor irá adquirir ao saber que terá um valor remunerativo garantido para o seu produto, também o mercado passará a funcionar mais tecnicamente, com menor volatilidade e menor espaço para a especulação.
 
Estamos trabalhando nesta linha, discutindo propostas com a Câmara de Café da BMF&BOVESPA e com o Governo, a fim de desenhar uma proposta factível e esperamos, em 2013, colocar em prática esses mecanismos. Vale lembrar, ainda, que, de posse das Opções, os financiamentos de estocagem terão o seu risco mitigado, o que permitirá aos agentes trabalharem com taxas mais baixas e com maior volume de recursos para o setor.
 
Atenciosamente,
 
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC
 
 

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