sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

BALANÇO SEMANAL — 21 a 25/01/2013- CNC


BALANÇO SEMANAL — 21 a 25/01/2013
- Governo deverá anunciar medidas para o setor em 31 de janeiro. No mercado, liquidação de posições por parte de fundos levou os preços a mínimas de duas semanas
MEDIDAS POLÍTICAS — Nesta semana, por meio de audiências realizadas com os secretários Executivo, José Carlos Vaz, e de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Gerardo Fontelles, tivemos a confirmação de que o governo adotará a prorrogação dos vencimentos da linha de estocagem do Funcafé e poderá anunciar outras medidas para o setor na próxima reunião ordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 31 deste mês.
O Conselho Nacional do Café (CNC) entende que esta é uma ação pontual e necessária frente ao aviltamento dos preços do café, o qual se dá sem razões extrafundamentais no mercado, haja vista o equilíbrio entre a oferta e a demanda mundial do produto. Além disso, é sempre válido reiterar que o setor produtor não deseja preços sobrevalorizados, pois a intenção nunca será punir o consumidor final e gerar inflação. O que se pretende é que o cafeicultor possa comercializar o produto a valores remunerativos e tenha condições de permanecer na atividade.
EFEITO “ROYA— Com o ano de 2013 engrenando, dois pontos nos chamam atenção na cafeicultura mundial. O primeiro é a repentina e intensa queda nas cotações, as quais são pressionadas por fatores divergentes do que indica o cenário fundamental, e o segundo é a dificuldade vivenciada nas lavouras de café da América Central – quase que como um todo – em função de adversidades climáticas, falta de investimentos e, principalmente, pelo ataque do fungo roya, causador da ferrugem.
Os relatos mais recentes apontam que os principais países produtores do continente devem sofrer perdas de 5% a 40% na safra cafeeira somente em decorrência da incidência da ferrugem, conforme tabela abaixo.
Incidência de ferrugem no cafezal
País
Projeção
Fonte
Nicarágua
5%
MERCON COFFEE
Costa Rica
6%
ICAFE
Guatemala
15%
ANACAFE
Honduras
20% a 30%
PROCAFÉ
El Salvador
20% a 40%
PROCAFÉ

Por outro lado, o México, cujas previsões iniciais apontavam um crescimento de até 20% na safra 2012/13, agora passa a rever seus prognósticos também em função da ferrugem. Segundo notícias de agências internacionais, Rodolfo Trampe, presidente Associação Mexicana de Produção de Café (Amacafe), anotou que uma contaminação incomum e agressiva do fungo roya nos cafezais do estado de Chiapas está ameaçando reduzir a produção atual do país. Conforme ele, a safra tinha potencial para crescer até 20% neste ciclo, mas o surto da doença ameaça esse avanço. O México colheu 4,3 milhões de sacas em 2011/12.
Não obstante, a própria Organização Internacional do Café (OIC), em seu relatório sobre mercado referente a dezembro de 2012, reduziu em 1,3% a sua estimativa de produção mundial no ciclo 2012/13, para 144,1 milhões de sacas. De acordo com a entidade, a revisão se deveu ao fato de alguns países da América Central terem sido afetados por clima adverso, pragas e doenças. Além disso, a OIC acrescentou que relatos de ferrugem em vários países centro-americanos poderão encurtar ainda mais essa projeção, valendo o mesmo alerta para o caso de ocorrência da broca.
HÁ CONTROLE? — Esse cenário preocupante sobre a sanidade dos cafezais centro-americanos fica ainda mais grave ao observarmos o comportamento dos preços praticados. Com as cotações em níveis que praticamente equivalem aos custos de produção, não há como o produtor de café investir no combate ou no controle da ferrugem ou de quaisquer outras pragas e doenças que venham a incidir sobre as lavouras. Caso o mercado não reaja, fazemos o alerta que o equilíbrio entre oferta e demanda mundial poderá se perder e poderemos notar escassez do produto em curto e médio prazos.
MERCADO — Nesta semana, a falha no movimento de alta dos preços na bolsa de Nova York levou a uma intensa liquidação de posições por parte dos fundos, o que conduziu o mercado para um caminho completamente inverso a seus fundamentos. Entretanto, após a intensa liquidação, hoje as cotações vem se recuperando das mínimas de duas semanas registradas na quinta-feira (24).
De maneira geral, os operadores estão perplexos com o movimento observado nos últimos dias. Com notícias de possíveis quedas de produção na América Central – destaque para a possibilidade de quebra de um terço na Guatemala – e também na Colômbia, era plausível se esperar uma consolidação do movimento de alta verificado na semana anterior. No entanto, foi justamente o oposto que se observou.
Com isso, o comportamento do mercado provoca uma forte retração na oferta, paralisando novas vendas, o que pode reduzir significativamente os embarques neste início do ano e trazer os estoques das indústrias internacionais novamente a níveis bem baixos, principalmente no que se refere ao café arábica, cuja produção, na visão de muitos agentes, será insuficiente para atender à demanda neste ano.
Diante desses fatos, fica ainda mais intrigante o movimento atual do mercado. Talvez uma das possíveis explicações esteja na avaliação dos estoques internos do Brasil. Uma casa exportadora divulgou uma estimativa de que os estoques no início de janeiro de 2013 estariam em torno de 28 milhões de sacas. Para se chegar a este número, o País teria que ter produzido cerca de 56 milhões de sacas, o que, definitivamente, sabemos que não ocorreu.
É certo que, devido aos baixos preços verificados nos últimos meses, os embarques foram menores, mas, de acordo com avaliações do CNC, os estoques no início de janeiro estavam ao redor de 24 milhões de sacas, o que deve limitar a capacidade de exportação do café brasileiro para cerca de 2,5 milhões de sacas/mês, já que a indústria nacional utiliza mensalmente cerca de 1,5 milhão de sacas e se sabe que seus estoques de trabalho são tradicionalmente pequenos. Assim, o quadro que se desenha é de uma oferta muito ajustada para este ano.
Dessa maneira, novamente se projeta uma queda de braço, com muitos agentes apostando que a fragilidade financeira dos produtores acabará proporcionando vendas a preços não tão atrativos. Não é nesse cenário que acreditamos e, devido a isso, continuaremos trabalhando para proporcionar capital de giro necessário para que os produtores possam promover o escoamento da safra a preços remunerativos.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC

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