Assunto:
Artigo do
senador Antonio Anastasia. Publicado originalmente no dia 04/10 no jornal Hoje
em Dia
Data:
05/10/2015
17:03
Grandeza
Enquanto
os governantes não tiverem a grandeza de reconhecer, de forma madura e
republicana, os acertos das gestões anteriores, dando continuidade e, ainda,
avançando nas políticas públicas que deram certo, dificilmente conseguiremos
algum desenvolvimento substancial no Brasil. Não é porque o mandatário ou
administrador mudou, que as ações que efetivamente beneficiam o dia a dia do
cidadão precisam ser modificadas.
Natural
que cada partido tenha sua orientação ideológica, que cada gestor queira deixar
‘sua marca’. Mas não faz sentido que, de quatro em quatro anos, a cada nova
administração, seja preciso mudar todos os projetos. Pelo contrário. É
imperioso que haja continuidade nas ações.
Em
Minas Gerais, por exemplo, foi formulado um planejamento com visão e objetivos
claros para serem alcançados até 2030. Um dos eixos desse plano era o
desenvolvimento social, cujo desafio-objetivo era reduzir a pobreza e as
desigualdades. Determinava-se ali um esforço redobrado para romper o ciclo da
pobreza, para que a miséria fosse erradicada no Estado e para que as
desigualdades sociais fossem significativamente reduzidas. Vejam bem, não se
tratava de uma plataforma ou um plano de Governo, mas de um planejamento de
Estado.
Para
alcançarmos o objetivo final, o processo de planejamento foi cuidadoso e contou
com aprofundada pesquisa. Fizemos diagnósticos, definimos objetivos, apontamos
indicadores e determinamos estratégias. Uma delas era o fortalecimento do
Programa Travessia, que, em 2011, adotou o conceito do Índice de Pobreza
Multimensional (IPM), formulado pela Universidade de Oxford e acatado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Naquela época, Minas
Gerais foi o primeiro ente subnacional a adotar o conceito, em parceria
estreita com o PNUD.
Esse
debate foi fundamental, pois superava a ideia de que o único critério para
mensurar o estado de pobreza era a ausência de renda. Assim, reconhecemos ali
que a pobreza se traduz também em várias privações como moradia, saúde,
educação, qualidade de vida e, para superá-la deveríamos intervir, não só
fornecendo ‘bolsas’, mas com ações específicas em todas essas áreas.
Por
meio do Travessia, portanto, agimos em setores essenciais para o rompimento do
ciclo da pobreza. E, pouco a pouco, vimos os indicadores melhorarem
substancialmente, especialmente nas cidades mineiras com menores Índices de
Desenvolvimento Humano (IDHM), locais onde iniciamos primeiro a implantação do
programa.
Mudou-se
o Governo e parece, no entanto, que nada daquilo fazia sentido. Aliás, pior,
deu-se a entender que havia um desconhecimento do que era o IPM e do trabalho
que já vinha sendo realizado. Em vez de melhorar o que estava dando ótimos
resultados, optou-se por interromper o trabalho.
Na
última semana, um representante do Governo estadual foi a Nova York ‘conhecer’
a proposta do IPM, da Universidade de Oxford, para ‘avaliar sua adequação para
a área social’ em Minas. O Governo atual viaja o mundo para conhecer o trabalho
que, até o ano passado, era feito no próprio Estado.
Quanto
tempo o poder público perde começando de novo trabalho que já estava em fase
adiantada? Quanto perde de recursos mudando nomes de programas por questões
meramente políticas? Tudo isso mostra como nossa democracia é imatura,
principalmente se comparada ao que já existe em termos políticos e de
administração pública mundo afora. É preciso grandeza, não se apequenar ou
retroceder.
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