COM DINHEIRO DOS OUTROS
Ralph J. Hofmann
Sempre é tentador. Um governo precisa de dinheiro. Aumenta os impostos. Mais ainda, aumenta mais ainda os impostos dos que mais ganham dinheiro. Mas a situação não pára. Quanto mais um governo sente que há ainda dinheiro para ser arrecadado com mais sede vai ao pote.
Pode parecer que estou com pena de quem não merece. Porém vamos considerar quanto tempo uma pessoa tem para amealhar uma segurança permanente. Digamos um jogador de futebol. Dez anos? Quinze ou dezessete?
Uma supermodelo?
Um escritor de sucesso. Digamos que escreva em sua vida profissional apenas quatro livros de vendagem excepcional. Sobre estes quatro livros ganha muito bem. O resto do tempo ganha migalhas.
O que quero dizer é que o defeito de considerar a alta taxação de rendas acima de um milhão de dólares é ilusória. Entre outros problemas não considera a média de ganhos durante a vida de uma pessoa. Se os anos bons forem sobretaxados será que algum governo vai aceitar devolver impostos nos anos de vacas magras? Aceitar taxar sobre uma média de 30 anos e devolver algum dinheiro arrecadado a mais?
De momento Barack Obama inspirado por Warren Buffet um velho gagá que já amealhou tanto dinheiro que pode até desprezar qualquer renda adicional fala em cobrar impostos excepcionais sobre rendas acima de um milhão de dólares ao ano. Então podemos visualizar uma situação em que um jogador de futebol de sucesso atue por quinze anos e nestes anos possa juntar talvez quinze milhões de dólares quando tem uma expectativa de vida de setenta anos.
O ator Will Smith, não só eleitor de Barack Obama como ativista na sua eleição fizera declarações em que falava do seu dever de pagar imposto e de pagar impostos excepcionais, já que tinha uma renda excepcional. Esta semana quando celebrava a eleição de François Hollande na França como sendo uma vitória para a justiça social, alguém lhe perguntou o que achava da proposição da esquerda francesa de taxar em 75% toda renda acima de € 1 milhão. Will Smith ficou cinza de susto; “tanto assim”; gaguejou. Will Smith é um dos atores que ganha US$ 15 milhões de dólares ou mais por filme, e tem anos que faz mais de um filme. Se fizesse dois filmes num ano teria uma renda líquida de menos de US$ 9 milhões.
É claro que não conhecia a história dos anos de estagnação da Inglaterra em que os artistas bem pagos não podiam dar-se o luxo de viver no país, pois haveria anos em que após os impostos sobraria pouco mais do que dinheiro para o feijão e o arroz.
Não conhece a história de quando Ingmar Bergmann, o diretor de cinema e teatro que era, para o mundo todo, o próprio símbolo da criatividade da Suécia, com um conjunto de realizações baseadas visceralmente no seu espírito sueco optou por abandonar seu país e exilar-se em Munique na Alemanha apesar de sua criatividade sofrer por estar longe do seu país. A voracidade dos impostos suecos, mais a ganância ou má vontade dos fiscais da receita sueca haviam resultado em Bergmann ser encarcerado injustamente por um mal entendido técnico e também no fato de que havia anos em que não lhe restava nada das fortunas que ganhara.
O acima corresponde ao que resulta em profissões especiais, vinculadas à beleza, arte ou criatividade, mas há um quadro, a “curva de Laffer” que descreve o que ocorre quando os impostos se elevam demasiadamente.
Entende-se que quanto se aumenta os impostos aumenta a arrecadação. Isto funciona até que se atinja um ponto em que para cada percentagem a mais a receita cai.
Isto ocorre por vários motivos. Os empreendedores vão para países em que os impostos sejam mais baixos. Não é só o dinheiro que migra. É o próprio criador de empresas, o aventureiro o homem das idéias que do nada faz uma fortuna.
Encontrei nas minhas andanças pelo mundo muitos ingleses que haviam criado indústrias a parir de idéias. Haviam voltado da guerra no fim dos anos quarenta e com o estado socialista do Labor Party (Partido do Trabalho) haviam descoberto que não havia espaço para um real crescimento pessoal.
Em países como o Brasil esta curva significa que sempre vale mais a pena trabalhar fora do sistema, evitando impostos. O custo destes é tão oneroso que vale o risco, a fora ao fato de que há um incentivo para que os fiscais aceitem propinas para nada descobrir. Podemos imaginar o que isto causa ao crescimento do emprego formal.
Há um ano o comediante John Lovitz brincou com a facilidade com que artistas aceitavam as proposições de Obama. O choque que poderiam sofrer quando se dessem conta que o SEU rico dinheirinho era o que Obama estaria tomando.
Com base nisto um blogueiro que usa o nome de Zombie criou o que chama de “Curva de Lovitz”.
Aparentemente Will Smith, ao ouvir as propostas de François Hollande, teria encontrado seu ponto inflexão “curva de Lovitz”.
A curva de Lovitz explora o crescimento de receitas e apoio do pessoal de Hollywood em relação à retórica da guerra entre classes, e que, devemos lembrar que estes artistas e cineastas, exatamente como os seus congêneres brasileiros se consideram membros honorários da classe trabalhadora. A retórica vai classificada de Ronald Reagan que seria a mais conservadora, até Lenin que seria a mais liberal.
Note-se que tanto Hollande como Obama consideram sobretaxar receitas acima de € 1 milhão. Na esquerda francesa há quem ache que a sobretaxação deve iniciar em € 360 mil.
E evidentemente grande parte desta grana toda seria gasta em estudos do impacto da bosta de javalis da Floresta Negra sobre os hábitos migratórios dos gansos africanos..
(abaixo a curva de Lovitz)
Ralph J. Hofmann
Sempre é tentador. Um governo precisa de dinheiro. Aumenta os impostos. Mais ainda, aumenta mais ainda os impostos dos que mais ganham dinheiro. Mas a situação não pára. Quanto mais um governo sente que há ainda dinheiro para ser arrecadado com mais sede vai ao pote.
Pode parecer que estou com pena de quem não merece. Porém vamos considerar quanto tempo uma pessoa tem para amealhar uma segurança permanente. Digamos um jogador de futebol. Dez anos? Quinze ou dezessete?
Uma supermodelo?
Um escritor de sucesso. Digamos que escreva em sua vida profissional apenas quatro livros de vendagem excepcional. Sobre estes quatro livros ganha muito bem. O resto do tempo ganha migalhas.
O que quero dizer é que o defeito de considerar a alta taxação de rendas acima de um milhão de dólares é ilusória. Entre outros problemas não considera a média de ganhos durante a vida de uma pessoa. Se os anos bons forem sobretaxados será que algum governo vai aceitar devolver impostos nos anos de vacas magras? Aceitar taxar sobre uma média de 30 anos e devolver algum dinheiro arrecadado a mais?
De momento Barack Obama inspirado por Warren Buffet um velho gagá que já amealhou tanto dinheiro que pode até desprezar qualquer renda adicional fala em cobrar impostos excepcionais sobre rendas acima de um milhão de dólares ao ano. Então podemos visualizar uma situação em que um jogador de futebol de sucesso atue por quinze anos e nestes anos possa juntar talvez quinze milhões de dólares quando tem uma expectativa de vida de setenta anos.
O ator Will Smith, não só eleitor de Barack Obama como ativista na sua eleição fizera declarações em que falava do seu dever de pagar imposto e de pagar impostos excepcionais, já que tinha uma renda excepcional. Esta semana quando celebrava a eleição de François Hollande na França como sendo uma vitória para a justiça social, alguém lhe perguntou o que achava da proposição da esquerda francesa de taxar em 75% toda renda acima de € 1 milhão. Will Smith ficou cinza de susto; “tanto assim”; gaguejou. Will Smith é um dos atores que ganha US$ 15 milhões de dólares ou mais por filme, e tem anos que faz mais de um filme. Se fizesse dois filmes num ano teria uma renda líquida de menos de US$ 9 milhões.
É claro que não conhecia a história dos anos de estagnação da Inglaterra em que os artistas bem pagos não podiam dar-se o luxo de viver no país, pois haveria anos em que após os impostos sobraria pouco mais do que dinheiro para o feijão e o arroz.
Não conhece a história de quando Ingmar Bergmann, o diretor de cinema e teatro que era, para o mundo todo, o próprio símbolo da criatividade da Suécia, com um conjunto de realizações baseadas visceralmente no seu espírito sueco optou por abandonar seu país e exilar-se em Munique na Alemanha apesar de sua criatividade sofrer por estar longe do seu país. A voracidade dos impostos suecos, mais a ganância ou má vontade dos fiscais da receita sueca haviam resultado em Bergmann ser encarcerado injustamente por um mal entendido técnico e também no fato de que havia anos em que não lhe restava nada das fortunas que ganhara.
O acima corresponde ao que resulta em profissões especiais, vinculadas à beleza, arte ou criatividade, mas há um quadro, a “curva de Laffer” que descreve o que ocorre quando os impostos se elevam demasiadamente.
Entende-se que quanto se aumenta os impostos aumenta a arrecadação. Isto funciona até que se atinja um ponto em que para cada percentagem a mais a receita cai.
Isto ocorre por vários motivos. Os empreendedores vão para países em que os impostos sejam mais baixos. Não é só o dinheiro que migra. É o próprio criador de empresas, o aventureiro o homem das idéias que do nada faz uma fortuna.
Encontrei nas minhas andanças pelo mundo muitos ingleses que haviam criado indústrias a parir de idéias. Haviam voltado da guerra no fim dos anos quarenta e com o estado socialista do Labor Party (Partido do Trabalho) haviam descoberto que não havia espaço para um real crescimento pessoal.
Em países como o Brasil esta curva significa que sempre vale mais a pena trabalhar fora do sistema, evitando impostos. O custo destes é tão oneroso que vale o risco, a fora ao fato de que há um incentivo para que os fiscais aceitem propinas para nada descobrir. Podemos imaginar o que isto causa ao crescimento do emprego formal.
Há um ano o comediante John Lovitz brincou com a facilidade com que artistas aceitavam as proposições de Obama. O choque que poderiam sofrer quando se dessem conta que o SEU rico dinheirinho era o que Obama estaria tomando.
Com base nisto um blogueiro que usa o nome de Zombie criou o que chama de “Curva de Lovitz”.
Aparentemente Will Smith, ao ouvir as propostas de François Hollande, teria encontrado seu ponto inflexão “curva de Lovitz”.
A curva de Lovitz explora o crescimento de receitas e apoio do pessoal de Hollywood em relação à retórica da guerra entre classes, e que, devemos lembrar que estes artistas e cineastas, exatamente como os seus congêneres brasileiros se consideram membros honorários da classe trabalhadora. A retórica vai classificada de Ronald Reagan que seria a mais conservadora, até Lenin que seria a mais liberal.
Note-se que tanto Hollande como Obama consideram sobretaxar receitas acima de € 1 milhão. Na esquerda francesa há quem ache que a sobretaxação deve iniciar em € 360 mil.
E evidentemente grande parte desta grana toda seria gasta em estudos do impacto da bosta de javalis da Floresta Negra sobre os hábitos migratórios dos gansos africanos..
(abaixo a curva de Lovitz)
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