Balanço semanal – 14 a 18/05/2012
Ações do CNC devem tirar exigibilidade de estrados de madeira em armazéns com piso asfáltico ou impermeabilizado; no mercado, menor volatilidade e leve alta.
ESTRADOS DE MADEIRA – Nesta semana, em conjunto com o presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, nos reunimos com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No encontro, conseguimos acordo para o envio de voto ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que retira a obrigatoriedade do estrado de madeira nos armazéns com piso asfáltico ou de concreto impermeabilizado. A reunião do CMN será no próximo dia 31.
Como estamos iniciando a colheita, essa questão é fundamental para que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) certifique os armazéns de imediato, possibilitando que os produtores entreguem seu café como garantia e tenham acesso às linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). Levando em consideração que o Departamento do Café da Secretaria de Produção e Agroenergia do Mapa já determinou a distribuição dos recursos para financiamento de estocagem, aguardamos a liberação dos créditos para a primeira quinzena de junho.
O secretário executivo da Pasta, José Carlos Vaz, garantiu que não faltarão recursos para o ordenamento das vendas da safra 2012 de café no Brasil, que, estimada pela Conab em 50,45 milhões de sacas, será insuficiente para atender ao consumo, de aproximadamente 20 milhões de sacas previsto pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), e às exportações, estimadas em 32 milhões de sacas pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).
A esse respeito, aproveitamos para reiterar os elogios ao empenho, à atenção e ao pronto atendimento do ministro Mendes Ribeiro Filho, secundado pelos secretários executivo e de Produção e Agroenergia, Vaz e Gerardo Fontelles, respectivamente, além do diretor do café, Edilson Alcântara.
FPA – Em reunião realizada ontem (17/05) na Frente Parlamentar da Agropecuária, voltamos a debater as questões relacionadas à CPI e à PEC do trabalho escravo. Pensando em não cometer injustiças aos trabalhadores e produtores brasileiros, o colegiado mantém sua postura de que se chegue a uma definição de fato sobre o que é trabalho degradante, discordando do posicionamento de que seja “incluído” como escravo. Sobre a matéria, levantou-se uma questão que deixamos para reflexão. Qual a diferença entre os trabalhos degradante, penoso, perigoso e insalubre para que somente o primeiro seja cogitado como escravo?
CLIMA E COLHEITA – Nos últimos dias, algumas regiões do cinturão produtor cafeeiro do Brasil passaram a receber chuvas. Segundo consulta que fizemos a nossos associados, as precipitações devem gerar um atraso de até 30 dias em algumas áreas, em especial em Minas Gerais e São Paulo. Esse retardamento dos trabalhos de cata aliado aos baixos níveis dos estoques de passagem continua mantendo os fundamentos do mercado de café positivos, conforme mencionamos nos boletins anteriores. Contudo, também como já citado, o mercado cafeeiro e de soft commodities como um todo está sujeito ao humor da economia mundial, o que pode pressionar as cotações.
Em relação aos efeitos do clima, indicamos que os produtores tenham maior preocupação com a qualidade do produto a ser colhido, haja vista que, além de uma procura maior do mercado por cafés melhores qualidade, as chuvas provavelmente ocasionarão a queda de alguns frutos, gerando, portanto, duas varrições na colheita.
ANÁLISE DE MERCADO – Com menor volatilidade e redução da atividade dos fundos, os fatores fundamentais predominaram no mercado cafeeiro, gerando alta de 1,13% no contrato julho da Bolsa de NY – o mais negociado –, que encerrou a semana negociado a US$ 1,7915 por libra peso, ante US$ 1,7715 da semana anterior. O volume reduzido das exportações brasileiras desde janeiro vem, aos poucos, causando a diminuição dos estoques nos países consumidores. Embora ainda não seja notado um recuo significativo, a pequena queda registrada nos portos europeus, que totalizam 9,39 milhões de sacas conforme anúncio da Federação de Café da Europa, indica uma tendência que pode perdurar até o final deste semestre.
A queda nos estoques brasileiros de café também foi tema de destaque no mercado na semana. Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) previu que o estoque do Brasil no final de maio de 2012 totalize apenas 2,93 milhões de sacas, um dos menores já verificados nas últimas décadas.
A escassez na oferta também foi observada pelo diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva. Em entrevista concedida a agências internacionais de notícias, ele alertou sobre a necessidade da produção mundial ter que crescer 32% nos próximos 10 anos para suprir o avanço do consumo. Segundo o executivo, não havendo esse avanço produtivo, o déficit poderá ser de 20 milhões de sacas em 2022.
Concluindo, faço minhas as palavras da conceituada Sylvia Saes, professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS), que, em artigo assinado com o mestre em administração Bruno Varella Miranda, fazem uma análise dos fatores fundamentais do mercado na formação dos preços futuros do café. “(...) os limitados estoques e o tênue balanço entre a oferta e a demanda jogarão um papel central no estabelecimento das cotações do café (...) é preciso olhar além da crise ou da previsão da safra atual para entender o comportamento do mercado ao longo dos anos”. Sábias palavras! Se no curto prazo as ações especulativas tem pressionado as cotações, em longo tempo os fundamentos dever&a tilde;o falar mais alto.
O artigo pode ser lido, na íntegra, no site do CNC. (http://www.cncafe.com.br/site/capa.asp?id=13922&t=3&counter=1).
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC

Ao deputado Silas os agradecimentos da Coluna Da Mulher