sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O TREM- Ralph J. Hofmann

O TREM

23/11/2012
Ralph J. Hofmann
(por procuração dos Drs. Hocus & Pocus)
Sempre que visito outro país tento aprender um pouco do idioma e das idiossincrasias locais. No Brasil evidentemente não preciso ir longe para estar em outro país. Se saio do Rio Grande do Sul e entro em Santa Catarina pelo litoral já encontro idiomas diferentes alguns quilômetros antes de Florianópolis. Para dizer o mínimo, em Florianópolis helicóptero é “avião de roschca”. Deve ser tradução do “hubschrauber” (rosca que alça ou iça para cima) dos alemães. Afortunadamente os “manézinhos” (nativos da Ilha de Santa Catarina onde fica Florianópolis nunca descobriram que em alemão uma televisão é “máquina de ver a distância”, um telex é “máquina de escrever à distância”. Também não descobriram que os franceses possuem “ordinateurs” (organizadores) e não computadores.
Mas deixemos de lado um estudo ilha por ilha, estado por estado e vamos aos meus estudos atuais. Em virtude de futura viagem estou estudando “mineirês”, o dialeto que se fala nas Minas Gerais, sub-idioma do Sul de Minas.
Minha instrutora de mineirês, Dione Von Seca (Baronesa Von Seca, tendo sua família recebido o título nobiliárquico de Frederico “o Grande” da Prússia no século XVIII) instruiu-me desde logo que não dissesse “uai”.  Alega que o termo está caindo em desuso e que, além disto, usado por um sul-africano-gaúcho pareceria deboche.
Contudo está-se esforçando para dar-me instruções sobre o uso da palavra “trem”. Estamos na décima aula do uso de “trem” e ainda surgem novas aplicações. Aparentemente é uma questão de entonação, ênfase e conteúdo emocional com que se pronuncia. Às vezes fico desejando que este trem tivesse um vagão leito para descansar desta tarefa.
Num intervalo entre as aulas decidi ver se descobria a origem correta do termo. Aparentemente mineiros juram que trem foi o que nós outros chamamos de coisa, troço ou treco muito antes da primeira composição ferroviária se aventurasse sobre o primeiro trilho de aço.
Pessoalmente eu acho que a palavra trem deve ter entrado no idioma português por ser usada para descrever composições ferroviárias em inglês, ou seja, os mineiros podem agradecer ao gaúcho Visconde de Mauá sua palavra de estimação, pois foi ele que introduziu as ferrovias no país.
Em inglês descobri que antes dos trens propriamente ditos a palavra “train” descrevia uma comitiva, uma procissão a cauda de um vestido, o ato de puxar (do latim traginere, tragere ou trahere), as carretas com os materiais e bagagens de um exército.
O termo latino teria passado ao “old English” (inglês arcaico) através dos invasores romanos e dos invasores normandos, de língua francesa, que usavam train no sentido de “conduzir puxando ou suspender”.
Portanto sua entrada no dialeto mineirês deve ser algo parecido com o termo “cavalo de ferro” usado pelos primeiros peles-vermelhas a verem uma composição ferroviária. Um trem era uma coisa tão estranha, largando vapor por tudo que é lado, que deve ter sido chamado inicialmente de “aquela coisa”. No fim aquilo que originalmente era chamado de “coisa” ou “troço”  ou “treco” passou a ser chamado de trem.
Estou ansioso para comentar minhas conclusões com a Baronesa Von Seca.

Nota 
Suas conclusões estão corretas quanto treco e troço mas ainda tem muito mais neste trem , aguarde quando eu discorrer sobre o ué que não é uai. Mas se perguntar o que é uai vão responder que é ué ou que ué é uai , mas não é. Existe uma diferença enorme entre os dois . Quanto ao trem está um trem de bão faltando um trem, algo que só mineiro entende. Mas tentarei explicar. O que certamente levara mais tempo que o trem.
Aguardo a visita , o som faz diferença e certamente vai ficar um longo tempo. Para entender este trem só pensando como mineiro. Aliais quando chamamos alguém como vem cá trem, melhor não ir. Mas se falarmos vem cá trem, melhor ir rápido. Rrrrrrssssss.
Bjus


Cara Baronesa Von Seca

Creio que a palavra "uai"  deve ter entrado em uso com os construtore de estradas de ferro ingleses que ao lhes ser dito que alguma coisa não poderia ser feita no Brasil perguntavam: "Why? " ou seja, "por que".

Os mineiros gostaram e incorporaram ao seu "argot" mineirês.

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