Ralph J. Hofmann
Nasci em meados da década de 1940. Sou da primeira leva do pós-guerra. Sou também de uma geração cujos pais lembravam a falta de certos produtos. Primeiro haviam vivido a penúria da grande depressão. Depois nos anos de guerra havia escassez de matérias primas até mesmo para panelas, lâminas de barbear ou escovas de dente. Isto ao menos para nós que vivíamos num país que foi combatente.
No Brasil minha geração viveu anos e anos de controle de importações, substituição de importações. Havia produtos que simplesmente não podiam ser encontrados nas quantidades desejadas. Na minha casa a primeira geladeira adquirida foi uma Kelvinator inglesa com compressor acionado por um motor com correia. A correia costumava quebrar, o motor costumava queimar. A geladeira era pequena para o tamanho da nossa família, mas meu pai a comprou porque estava disponível para entrega imediata. Paparicamos esta geladeira por uns quantos anos até a indústria local lançar modelos elétricos (Os antigos eram a querosene).
Nosso primeiro liquidificador era com copo de alumínio e acionado por uma manivela. A batedeira já era mais moderna, elétrica.
Os carros eram outra maravilha. Nós como família chegamos ao país no mesmo dia que o carro Ford V-8 do ano que nos serviria de 1948 até 1960 quando passamos a uma Rural Willys de fabricação nacional. Nosso velho Ford 48 hoje está no museu do automóvel em Curitiba, após ter sido, entre outras coisas taxi até o fim da década de setenta.
Porém na rua encontrávamos carros de 25 ou 30 anos, e mesmo assim, os carros que estavam chegando no início dos anos 50 continuaram em uso por 20 ou 30 anos. Grandes fabricantes de autopeças de hoje começaram fazendo peças para prolongar a vida dos vetustos Anglia, Prefect e Austin da época.
Consertava-se e reciclava-se tudo, inclusive amortecedores de carro e baterias.
Devo dizer que os produtos eletro-domésticos lançados pela indústria nacional no final do século XX eram bons. Duravam muito. Duravam tanto que acabavam sendo reformados e enviados para as casas de veraneio na praia e na serra.
Posto isto faço uma solução construtiva a quem e lê. Ponham-se no encalço de bons produtos eletro-domésticos do século passado. Mandem reformar. Assim gerarão trabalho para algumas das pessoas que perderam seus empregos nas indústrias em virtude dos produtos de carregação importados da China e adjacências.
Mas o importante é o seguinte. Os produtos importados hoje não duram muito mais que seu período de garantia. Herdei uma cafeteira elétrica da minha mãe. Ela a usara pelo menos por 17 anos. Eu a usei durante mais sete anos. Finalmente parou de funcionar. Considerando que o preço de consertá-la equivalia ao preço de uma nova comprei uma nova. Já joguei fora duas. Ambas chinesas, mesmo que com marca tradicional brasileira. Agora ganhei uma cafeteira brasileira que alguém tinha parada em casa. Se estragar mando consertar. Digo a todos, se não é possível “Buy Brazilian”(comprar produto brasileiro) passe a “recover Brazilian” (recupere um produto brasileiro).
Vamos aos “brics” catar máquinas velhas. Vamos pintá-las, refazer seus motores e devolver sua respeitabilidade e amor próprio. Estas máquinas nos serviram conscienciosamente por anos a fio. Deve agora ser reabilitadas. Como também devem ser reabilitadas as indústrias e os operários que as produziram.
Há uma vantagem adicional. Não pagar IPI e ICM à Dilma e seus alegres saqueadores.
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